segunda-feira, 6 de junho de 2016

Umperi Hirano e a tragédia da colonia

 

Umpei Hirano e a tragédia na colônia 

Imigração japonesa no Brasil

Por ocasião da organização da primeira leva de imigrantes do Kasato Maru, Mizuno providenciou 5 interpretes para servir os imigrantes aqui no Brasil. Ele vieram antes do Kasato e ficaram conhecidos como... “os cinco interpretes”. Entre eles, figurava Umpei Hirano. Tinha então 22 anos e espirito aventureiro, desejoso de conhecer o mundo. Tinha planos de viajar, conhecer a Europa, a Espanha (pois havia estudado espanhol). Começou então suas aventuras vindo ao Brasil.

Umpei Hirano

Em 1908 seguiu então com 88 imigrantes do Kasato
Maru para a Fazenda Guatapará, na Linha Mogiana, servindo como interprete e espécie de líder do grupo. Hirano, tal qual os demais 4 interpretes, sofreu com o descontentamento e desilusões dos imigrantes, e com as desavenças entre os imigrantes e seus capatazes brasileiros. Fazia então o papel de mediador, de pacificador, apagador de incêndios. Após 6 anos, tornou-se capataz-geral (espécie de diretor geral) da fazenda, e tinha sob seu comando 1.500 trabalhadores, entre japoneses, italianos, brasileiros, etc.

Fazenda Guatapará (sem data) - fonte : Facebook
Fazenda Guatapará, Sp - fonte : Facebook

A Fazenda Guatapará tinha até estação de trem, para escoamento da produção de café


Fazenda Guatapará, por ocasião da visita do embaixador japones, 1933

Umpei Hirano deixa a Guatapará e ruma à Cafelandia

Finalmente, em 1915 Hirano , tendo já feito uma boa poupança, pensou que era a hora dele e outros imigrantes tomarem a iniciativa de fundar uma colônia, tornando-se independentes, rompendo com o trabalho nas fazendas de café. Em agosto daquele ano, juntamente com 7 companheiros, embrenhou-se nas matas no interior de São Paulo,na região onde hoje situa-se o município de Cafelândia (Sp). Ali iniciaram os primeiros preparativos para fundar uma colônia japonesa. Hirano adquiriu 1620 alqueires, e pouco tempo depois, convenceu 82 familias, que somavam 300 pessoas a se instalarem nessas terras. O local escolhido para a sede da colônia era nas margens do Rio Dourados, por ser local pantanoso, ideal para o cultivo de arroz. Porem essa característica era também favorável a disseminação de mosquitos.


Pouco depois da chegada dos primeiros colonos, em 29 de dezembro de 1915 aconteceu a primeira morte por malária. Como o cemitério mais próximo ficava longe, o falecido foi enterrado ali mesmo na colônia. A doença foi implacável, e em pouco tempo quase todos estavam infectados. Faleceram entre 70 a 80 imigrantes, uma verdadeira tragédia. Com quase todos doentes, não tinham forças para abrir um cemitério, e por isso foram todos cremados, seguindo assim o ritual do país de origem (no Japão, os corpos são cremados). Umpei Hirano reuniu todas as suas economias para comprar quinino, usado no tratamento da malária.
Apesar das mortes, os colonos continuaram no trabalho. Mas em novembro de 1918, uma nova tragédia : uma nuvem gigantesca de gafanhotos devorou toda a lavoura. Em 1919, novos problemas : uma prolongada seca reduziu a produção pela metade.
Hirano, perante tantas adversidades foi se abatendo. Sentia-se permanentemente culpado pelas mortes causadas pela malária. Desgostoso, entrou em processo de auto destruição, entregando-se ao vício da bebida. Faleceu em 1919, vítima de malária, aos apenas 34 anos de idade, sem realizar seu sonho de conhecer a Europa.
Após a morte de Hirano, os colonos decidiram mudar-se para longe das margens do Rio Dourados, a fim de fugir dos mosquitos transmissores da malária.
Colonia Hirano, 1938, em dia de festa  – fonte : National Diet Library, Tokyo.

Apesar das adversidades, a Colonia Hirano prosperou e seus colonos foram em grande parte responsáveis pela fundação do municipio de Cafelândia. 

Busto de Umpei Hirano, em Cafelândia, Sp
Cartaz das festividades dos 100 anos da Colonia Hirano
Mako, princesa do Japão, deposita flores no memorial em homenagem às vitimas da malária da Colonia Hirano; em Cafelandia, Sp, 23/06/2018


Fontes : http://www.bunkyo.org.br/pt-BR/noticias/149-2015/778-colonia-hirano-a-comemoracao-dos-100-anos-de-fundacao“Kasato Maru, a alvorada do novo mundo”, Carlos Cornejo e Marcia Yumi, 2012

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