segunda-feira, 6 de junho de 2016

Tracoma e imigração











Os imigrantes e o tracoma

O tracoma é uma doença oftálmica, que afeta a conjuntiva, córnea dos olhos e pálpebras, levando a uma inflamação crônica. Nos casos mais graves pode causar deficiência visual ou cegueira.
No Brasil, há relatos de que esta enfermidade foi trazida pelos europeus, no século XVIII, no Nordeste, onde foram detectados diversos focos desta doença.
No Japão, o tracoma era uma verdadeira epidemia. Um gráfico mostra que em 1916 nada menos que 36% de uma amostra de crianças em idade escolar tinham a infecção. 



Por ser altamente contagiosa, um passageiro com tracoma num navio, onde todos ficam juntos, poderia contaminar o navio inteiro.
A preocupação com o emigrante trazendo tracoma era motivo de preocupação nos Estados Unidos.
Funcionários em Ellis Island, Nova Iorque,  inspecionam imigrantes recem-chegados, para detectar tracoma. 

No ano de 1904 o Governo do Estado de São Paulo proibiu a entrada de imigrantes com tracoma no porto de Santos. Por isso, para emigrar ao Brasil, as empresas de emigração deviam apresentar um certificado médico do emigrante, atestando que este não tinha a doença. Mas esta medida durou pouco tempo devido à pressão dos cafeicultores que necessitavam da mão-de-obra vinda de outros países.
Certificado médico, emitido em 1927, declarando que os emigrantes Sadao, Mutsu e Ryotaro não tinham tracoma e eram vacinados contra varíola. Acervo da família Otani, Curitiba. 

Estima-se que somente no estado de São Paulo, em 1905, havia nada menos que 350 mil casos de tracoma, uma verdadeira epidemia.
Dramaticamente, algumas pessoas foram deixadas sozinhas no Japão, ficando separadas dos familiares, pois por ocasião do embarque constatavam que tinham tracoma (ou outro tipo de doença). 

Funcionário da Ellis Island, local onde desembarcavam os imigrantes em Nova Iorque, examina olhos de imigrante recem chegada.

Desconheço ainda o destino daqueles que desembarcavam no Brasil com tracoma. Nos Estados Unidos, o procedimento era enviar o doente de volta ao país de origem. Se o doente era menor de 12 anos, deveria voltar acompanhado de um dos pais. A escolha de quem iria voltar com o filho era uma decisão dramática.

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