segunda-feira, 6 de junho de 2016

Os filhos adotados

Os  imigrantes “filhos adotados”  por conveniência.

Uma das exigências do governo do estado de São Paulo para aceitar imigrante, era que todos deveriam ser membro de uma família composta de pelo menos três pessoas : marido, mulher e mais uma pessoa, apelidada de “terceira enxada”, que podia ser : filho, sobrinho, cunhado de uns dos conjuges, pai, mãe, etc, ou filho adotado.
   
As fazendas de café sabiam que grupos familiares permanecem juntos, e tem dificuldades em se dispersar. Pessoas independentes, sem laços familiares, eram mais nômades, tinham mais facilidades de abandonar o trabalho. As companhias de emigração no Japão sentiram dificuldades no recrutamento, era difícil atender esta exigência. Também haviam vários japoneses solteiros interessados em imigrar sozinhos.     Outra exigência era a indicação de um “chefe da família”. Este chefe geralmente era o marido, mas também poderia ser a pessoa mais velha do grupo.    As empresas japonesas inventaram então um “jeitinho brasileiro” : montavam famílias, somente para atender a exigência. A legislação japonesa permitia adoções de filhos com certa facilidade. Assim, muitos imigrantes aqui chegaram nesta estranha condição, de filho “adotado”, ou sob casamento arranjado. Esses casamentos, na prática, eram dissolvidos tão logo que os casais desembarcavam no Brasil. Mas, muitas vezes, acabavam vivendo juntos.    Ao ser “adotado” pela família, o emigrante mudava de sobrenome. Ao chegar no Brasil, a “família” se desfazia, e o “filho adotivo” passava então a usar o sobrenome verdadeiro. Porem há possibilidade de que alguns imigrantes continuaram com o sobrenome da família que o “adotou”.


A título de exemplo, dos 14 filhos declarados nesta página, 7 eram “adotivos “. É uma pagina da lista de imigrantes do navio Teikoku Maru, que aportou em Santos em 23 de outubro de 1913,”. Meu avô paterno está nesta página, é o passageiro numero 457 (Kunimatsu Hajii), veio sob esta condição, de “filho adotivo”. Ele era primo do chefe da família, e eu suspeito que até mesmo o casal que o trouxe era arranjado. 



Detalhe da lista. Meu avô, Kunimatsu, passageiro 457 veio na condição de filho “adoptivo”.

    O recurso de “filho adotivo” foi muito útil em vários casos.  Se por exemplo, algum filho ou parente ficou sozinho no Japão e desejou se juntar à família que já estivesse no Brasil, era o único recurso.  
    O filho “adotivo” sofria de certo preconceito aqui no Brasil, entre a colônia japonesa. Eles eram olhados como desconhecidos, de família desconhecida. Por isso, por ocasião de miai (casamento arranjado) eram preteridos, pois os pais da noiva (ou do noivo, no caso de filha “adotiva”) não tinham oportunidade de conhecer os verdadeiros pais, o sogro e a sogra. Temiam também que o candidato fosse um filho rejeitado, passado para outra família, por algum motivo grave.
     Os adotivos eram pejorativamente chamados de "trazidos", e por não terem nenhum vinculo afetivo com os pais adotivos, muitas vezes não eram bem tratados. Isto é, não gozavam do amor materno e paterno. Muitos acabavam em condição de escravidão, trabalhando de graça para os "pais adotivos", Sofreram muito e vários fugiram. 
   O recurso de “filho adotivo” foi uma das causas do fracasso das primeira levas, pois sendo (os adotivos) independentes, como já previam os fazendeiros, muitos abandonaram as fazendas. 

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Um comentário:

  1. meu avo veio como adotivo da irmã. O cunhado morreu na viagem, sua irmã casou se com Furuta como localizar o nome do meu avõ Zimpei Takaki nascido em Fukuoka

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