Blog da imigração japonesa no Brasil
O nacionalismo do Estado Novo
A ditadura do Estado Novo implantado pelo presidente Getulio Vargas em 1938 defendia o nacionalismo puro, e tomou medidas repressivas às culturas estrangeiras de imigrantes que formavam comunidades fechadas, em especial os alemães e os japoneses.
O Brasil é um país bastante homogêno, falamos a mesma língua, somos quase todos cristãos, gostamos das mesmas comidas, etc. Era exatamente isso que o Estado Novo desejava, um povo de nacionalidade homogênea, de opiniões, crenças e comportamentos iguais. Entretanto, a cultura estrangeira introduzida pelos imigrantes remetiam a uma imagem de país multifacetado, poliglota, heterogêneo.
A ditadura do Estado Novo teve os japoneses como maiores vítimas, por dois motivos : por ser o grupo etnico mais fechado social e culturalmente, e por ter traços de fisionomia inconfundíveis.
Foi sancionado o decreto numero 383 em 18 de abril de 1938, determinando proibições aos estrangeiros: não poderiam mais formar associações, falar língua estrangeira; editar qualquer tipo de jornal ou revista. Era proibido ao imigrante conceder entrevistas, assinar artigos em qualquer tipo de publicação. Foram também confiscados e destruídos livros, cartas, anotações e documentos em língua estrangeira, um desastre em termos de memória da história nacional.
O decreto ordenou o fechamento das escolas de língua estrangeira. Assim, encerraram-se todos os nihongakus, as escolas japonesas. Porem há relatos de que o ensino continuava entre os colonos japoneses, clandestinamente, em casas particulares.
O movimento nacionalista, alem de ter cunho de marketing político, exacerbava o sentimento de patriotismo.
A propaganda do nacionalismo acima clama por “reagir contra a indiferença pelos principios ….contra as tendencias desagregadoras, infiltradas pelas mais variadas formas…”, numa clara referencia aos imigrantes.
O Estado Novo pode ter se inspirado no Nazismo da Alemanha. A ditadura Vargas, tal qual Hitler, sonhava com o estado puro, sem a “poluição” de outras culturas.
Decreto lei 383 de 18 de abril de 1938 – link
Alguns clubes e associações formadas por imigrantes, para driblar o nacionalismo da era Vargas mudaram de nome. Em Curitiba a Sociedade de Cultura Física Friedrich Jahn, mudou seu nome para Sociedade de Cultura Física Duque de Caxias; o clube cultural Verein Deutcher Saegerbund passou a se chamar Clube Concórdia. Em São o Palestra Italia para Sociedade Esportiva Palmeiras.
Passaram por sérias dificuldades as manifestações religiosas, como o Budismo e o Seicho-No-Ie, apesar do estado ser laico.
Mas, o pior ainda esta por vir: a segunda guerra mundial, período em que os japoneses, alemães e italianos eram considerados “inimigos infiltrados”.
Vargas acertou ou exagerou ?
A preocupação de Vargas era construir um Brasil homegeneo, como já foi dito. Poderia o Brasil, sem ações semelhantes às de Vargas se transformar num pais de guetos, de pequenas comunidades isoladas ? Haveria a possibilidade de existir no Brasil algo como o país Basco na Espanha ? Ou exagerando, poderia o Brasil se transformar numa Iugoslávia, onde sérvios, croatas, albaneses, montenegrinos e eslovenos formavam um estranho país, onde cada etnia falava sua lingua e preservava sua cultura ? Eu creio que Vargas acertou no seu conceito, na sua intenção, mas pecou pelo exagero, pelo preciosismo.
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