segunda-feira, 6 de junho de 2016

O fracasso do Tosa Maru



Imigracao japonesa no Brasil 

As primeiras tentativas de imigração japonesa ao Brasil


Com o fim da escravidão no Brasil em maio de 1888, o governo brasileiro vi-se forçado a introduzir imigrantes a fim de manter a força de trabalho. A preferencia era pelos europeus, pois havia no Brasil um forte movimento de eugenia, de “embranquecimento”, de “melhoramento racial”  do povo brasileiro. O Decreto lei 528 de 28 de junho de 1890 proibia a entrada de africanos e asiáticos, pois os eugenistas brasileiros consideravam-os “raça inferior”.
Mas, com as dificuldades em convencer os europeus a virem ao Brasil, e com a urgência de braços para as colheitas de café, foi promulgada a lei 97, em 5 de outubro de 1892 revogando o artigo da lei 528 que proibia a entrada de asiáticos. Entretando, a lei 97 liberava somente chineses e japoneses, não mencionando os demais povos da Asia.
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Em 1894 o diretor de uma empresa brasileira de imigração, Prado Jordão & Cia, Charles Alexandre Carlyle, viajou ao Japão. Ali encomendou uma remessa de emigrantes a uma empresa japonesa, a Cia. Kissa de Emigração.  Mas as relações comerciais entre Brasil e Japão ainda não tinham sido formalizadas, e por isso o projeto fracassou.
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Tres anos depois, em 1897,  foi a vez do Cia. Kissa de Emigração enviar para o Brasil um funcionário, Tsukitsu Aokitsu; que procurou a Prado Jordão & Cia. Foi firmado então um contrato provisório entre a Prado e uma outra companhia japonesa de emigração, a Toyo Imin-Kaisha.  Para a empresa foi um grande negócio, pois os Estados Unidos havia proibido a entrada de emigrantes no Hawai, e o Brasil seria uma nova fronteira a ser explorada. A Toyo contratou então o navio Tosa Maru, e arregimentou 1500 emigrantes, com destino ao Brasil. Entretanto, no dia 15 de agosto do mesmo ano, a Prado & Jordão enviou um telegrama ao Japão, anunciando o cancelamento da remessa, dizendo : "Pedimos a suspensão da saida de navio, pela impossibilidade de receber os imigrantes, em virtude da queda brusca do preço do café”.
E assim, a saida dos emigrantes foi cancelada, e mais de mil deles já se encontravam no porto de Kobe, vindos de várias regiões do Japão. Todos cairam em desespero e revolta. A Toyo sofreu um prejuízo enorme, e reclamou junto ao Ministro Plenipotenciario no Brasil, Sr. Chinda, para que interviesse junto ao governo japones a fim de minimizar este prejuizo. Entretanto, o pedido de socorro foi negado.
Os dois Ministros Plenipotenciários aqui no Brasil, Sutemi Chinda e Narinori Okoshi, ficaram bastante contrariados com este fracasso, e a partir de então passaram a não mais dar apoio aos processos de imigração japonesa no Brasil.
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Em novembro de 1897, a Cia. Japonesa de Emigração (Nippon Imin Kaisha) assinou contratos provisórios com a empresa carioca Angelo Fiorita & Cia, que acabaram também em fracasso.
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Em agosto de 1901, Sanz Elorz, funcionário da Angelo Fiorita & Cia foi ao Japão tentar fechar uma remessa de emigrantes, mas também não obteve êxito.
Acredita-se que estas duas empreitadas da Angelo Fiorita & Cia não progrediram devido à péssima impressão deixada pelo incidente com o Tosa Maru.

Comunicado de cancelamento
Comunicado de cancelamento da viagem do Tosa Maru
fonte : National Diet Libray, Tokyo.

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