segunda-feira, 6 de junho de 2016

A hospedaria de imigrantes de São Paulo

 

A hospedaria de imigrantes  Bom Retiro, São Paulo, Sp

Em 1882, foi instalada uma hospedaria para imigrantes no bairro do Bom Retiro. Pequeno e com constantes problemas de epidemias, o local mostrou–se inadequado para os fins a que fora designado.  O prédio desta hospedaria não existe mais, foi demolido. Em seu lugar foi construído Desinfectório Central, inaugurado em 1893, uma instituição encarregada em saneamento básico, controle de pragas e doenças epidêmicas.
Local onde existia uma hospedaria de imigrantes, Rua Tenente Pena, 100, esquina com a Rua dos Italianos, São Paulo

A Hospedaria dos Immigrantes do Mooca

Em 1886 a Assembleia Legislativa Provincial do Estado de Sao Paulo (o Brasil ainda era império) decidiu então a construção de instalações maiores e projetadas para melhor atender às necessidades de recepção do grande número de imigrantes (todos, não somente os japoneses)  que desembarcavam no porto de Santos.
O local das novas instalações já era propriedade do estado, e foi escolhido por ser proximo a linha férrea que ligava Santos a São Paulo.
Apenas um a no depois da decisão, em junho 1887, as obras já estavam concluidas e funcionando com capacidade para acomodar 1.200 imigrantes. Como se pode notar, sem os entraves burocráticos e sem as negociatas obscuras, naqueles tempos as coisas aconteciam rapidamente, sem precisar de engraxamento da máquina. A hospedaria de São Paulo foi aberta antes da legendária hospedaria Ellis Island em New York, aberta em 1892.
Hospedaria de Immigrantes, gravura anterior a 1911.


A gravura acima demonstra a estrutura montada para receber o imigrante, a hospedaria contava com :
- Estação de desembarque e bagageiro;- Triagem médica
- Agencia postal e  de telégrafo.
- Agencia de cambio (troca de moeda)
- Agencia de colocação (emprego)
- Cozinha e dormitórios
- Administração geral
- Enfermaria
- Pequeno hospital
- Depósito de frutas
- Instalações sanitárias


A Hospedaria de Imigrantes hoje, atual Museu da Imigração – foto de Chico Saragioto

A chegada à hospedaria dos imigrantes



(fonte : “Guide de L´Etat de Saint Paul”, de Antonio Fonseca e Domingos Angerani, 1912)

A rotina de chegada dos imigrantes à hospedaria era mais ou menos esssa : ao chegar, era servido uma refeição, preparada antecipadamente. Em seguida, eram instruídos sobre o regulamento interno da hospedaria. Este regulamento era fixado nas paredes, em seis línguas.
Em seguida eram conduzidos aos dormitórios.
No dia seguinte pela manhã eram vacinados, e em seguida passavam por registros, apresentando documentos, passaportes, composição das famílias, etc. Passando por este controle, recebiam um visto de permanência valido por seis dias.  No caso dos japoneses, nesta triagem havia sempre confusão, pois os filhos adotivos as vezes tinham passaporte com nome diferente daquele declarado na lista de embarque apresentado pela companhia de emigração.
Eram então encaminhados às companhias de colonização (empresas privadas que gerenciavam loteamentos agrícolas), às agencias de colonização do estado (onde se vendiam lotes de terras a prestações anuais), às agencias de emprego, ou então (como foi o caso da maioria dos japoneses) encaminhados às fazendas, onde as companhias de imigração já tinham contratos de fornecimento de mão de obra estrangeira.


Museu da Imigração do Estado de São Paulo


A Hospedaria de Imigrantes foi transformada no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, uma instituição pública do estado. Ali hoje estão guardado grande quantidade de documentação sobre a imigração para o Brasil, nos séculos XIX e XX. É um dos mais importantes pontos turísticos e culturais da cidade de São Paulo. Alem do acervo, possui algumas salas que contam fatos da história mundial;  um modelo de plantação de café; passeio em Maria Fumaça aos arredores do bairro e outras atrações.
Uma parte da Hospedaria de Imigrantes foi separada para funcionar como albergue para pessoas em condição de morador de rua.

Livro registro de entrada de imigrantes na hospedaria


A hospedaria mantinha um registro de imigrantes que chegavam para se hospedar, em forma de livro. Entretanto, alguns hóspedes não estão neste registro (é o caso do meu avô paterno), por falta de tempo do funcionário em registrar grandes levas que chegavam e ficavam pouco tempo ali. Por sorte, encontrei o registro da hospedagem da família da minha avó paterna (os Haratas), que chegou ao Brasil e 1925. Os livros estão a disposição em formato PDF no site do Museu da Imigração.
Livro de “Registro de Immigrantes Expontâneos”, pagina que contem o registro da entrada da famíia Harata, da minha avó paterna


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Detalhe do registro da entrada da família Harata na hospedaria. Minha avó é Kinuye Harata, linha 11343.

Galeria de fotos da Hospedaria de Immigrantes

A hospedaria, c. 1908.

Dormitórios da hospedaria, c. 1908




Dormitórios da hospedaria, sem data. Fonte : National Diet Library,  Tokyo, Japan



Cozinha da hospedaria de imigrantes, c. 1908



Raio-X na hospedaria dos imigrantes, c. 1908
Cozinha na hospedaria dos imigrantes
Beliches em hospedaria de imigrantes




Familias japonesas no dormitório. Sem data.
Família japonesa, recem chegada, no pátio da hospedaria. Sem data. Observe que para causarem boa impressão na chegada, vestiram roupas elegantíssimas.



Desembarque
Desembarque de imigrantes na Estação Ferroviaria da Hospedaria (fonte : Museu da Imigração do Estado de Sp)

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Um comentário:

  1. Procuro por um possivel arquivo hospitalar na epoca de 1976 mes de setembro procuro por partos realizados neste periodo

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